Os Jogos Olímpicos como megaeventos dos séculos XX e XXI
O Movimento Olímpico
contemporâneo tem como principal
ideólogo Pierre de Freddy, conhecido pelo título nobiliárquico de
Barão de Coubertin. Educador, pensador e historiador, empenhou-se na
reorganização dos Jogos. Sua preocupação fundamental era valorizar
a competição leal e sadia, o culto
ao corpo e à atividade física.
Após conhecer as escolas
inglesas, onde o esporte moderno
foi organizado e se desenvolveu,
Pierre de Coubertin visitou diversos
países para saber como o esporte
era praticado e como ele se estruturava. Depois de vários anos percebeu que em diferentes lugares do
mundo, mesmo sem falar o mesmo
idioma, as pessoas eram capazes
de jogar e competir. Ou seja, o esporte era uma linguagem universal.
Coubertin começou a freqüentar a
École Supérieure des Sciences Politiques na qual teve contato com a
pessoa e a obra de Hipólito Taine
e com um núcleo anglófilo que
buscava compreender a dinâmica
cultural inglesa onde se originava
o modelo de esporte moderno. De
acordo com Tavares (2003) duas
características da sociedade inglesa
interessavam a Coubertin e iriam
influenciar sobremaneira sua obra e
suas ações: uma delas era o ‘espírito
de associação’ da sociedade inglesa corporificado nas associações
privadas de patronato; o segundo foi o sistema educacional inglês,
onde se educava para a vida numa
sociedade.
Embora Coubertin encontrasse em Taine o eco necessário
para a reflexão sobre um modelo
pedagógico foi em Frédéric Le Play
que a reforma social por meio de
uma pedagogia esportiva encontrou
sua principal referência (Mangan,
1986). Coubertin começou a se
preocupar em desenvolver um
modelo de reforma social por meio
da educação e do esporte em uma
perspectiva internacionalista depois de obter pouco sucesso com
programas de caráter educacional
em seu país, a França. MacAloon
(1984) aponta que durante os idos
de 1880 visitou inúmeras escolas
inglesas, uma verdadeira peregrinação, em busca de referência para
seu projeto esportivo-pedagógico,
deslocando, entretanto esse micro
sistema – a educação – do macro
sistema – a sociedade – no qual
ele estava inserido e situado. Não
satisfeito com isso, em 1889, partiu
para os Estados Unidos para conhecer de perto o modelo educacional
americano. Nessa oportunidade
Coubertin mostrou-se surpreso
com os ‘sentimentos democráticos
do catolicismo americano’ que separava igreja do Estado e tolerava
a liberdade de culto, fato menos
comum na Inglaterra. Talvez essa
questão tenha lhe chamado tanta
atenção em virtude da resistência
que os países de cultura puritana
ofereciam à idéia dos jogos Olímpicos, relacionando-os com uma
festa pagã, extinta pelo imperador
Teodósio, um católico fervoroso,
a pedido do bispo de Milão, San
Ambrosio, no ano de 394 (Guttman,
1992; 1978).
Foi, sobretudo, o renascimento do interesse pelos estudos
clássicos, fazendo reviver na intelectualidade de então a fascinação
que a cultura helênica exercia
sobre a cultura européia, além
das descobertas de sítios arqueológicos que permitiam desvendar
acontecimentos relacionados aos
Jogos Olímpicos da Antiguidade,
que levou Pierre de Coubertin a
tomar para si a tarefa de organizar
uma instituição de caráter internacional com a finalidade de cuidar
daquilo que seria uma atividade
capaz de transformar a sociedade
daquele momento: o esporte. Tavares (2003) aponta que o estabelecimento do Movimento Olímpico
nos idos de 1894 coincide com a
criação e proliferação de um amplo
espectro de organizações de cunho
internacionalista, cujo principal
objetivo era a promoção da paz.
Isso porque, embora durante o século XIX tivesse ocorrido um grande desenvolvimento das ciências
humanas e da produção de idéias,
os conflitos ainda eram resolvidos de forma brutal por meio da guerra.
As organizações internacionalistas
buscavam a resolução de conflitos,
tanto de ordem interna como externa, pelo uso da razão e das leis,
e não pelas armas. Dentro dessa
lógica a competição esportiva era
uma forma racionalizada de conflito, sem o uso da violência.
O projeto de restauração
dos Jogos Olímpicos como na
Grécia Helênica veio a público em
25 de novembro de 1892 quando
da ocasião do 5° aniversário da
União das Sociedades Francesas de
Esportes Atléticos, que teve como
paraninfo o Barão de Coubertin.
Naquela ocasião ele manifestaria
seu desejo e intenções com relação
os Jogos: É preciso internacionalizar
o esporte. É necessário organizar
novos Jogos Olímpicos (López,
1992:21). A tarefa audaciosa de promover uma competição esportiva
de âmbito internacional, espelhada
nos Jogos Olímpicos gregos, com
caráter educativo e permanente,
demandava a criação de uma instituição que desse o suporte humano
e material para a realização de tal
empreitada. E assim, em junho de
1894, na Sorbonne, em Paris, teve
início o congresso esportivo-cultural, no qual Coubertin apresentou
a proposta de recriação dos Jogos
Olímpicos e da criação do Comitê
Olímpico Internacional (COI). Inicialmente o Barão intentava realizar
a primeira edição dos Jogos Olímpicos na capital francesa em 1900,
como parte das comemorações da
virada do século que ocorreria em
seis anos. Entretanto, diferentemente do que havia sugerido o proponente, a competição foi antecipada
para o ano de 1896, para Atenas,
como uma deferência aos criadores
dos jogos originais (Rubio, 2006).
A missão e intenção do COI era
organizar os Jogos Olímpicos bem
como a normatizar as modalidades
disputadas, muitas delas recémcriadas e sem um corpo de regras
universalizadas. A idéia inicial, e
que posteriormente foi perpetuada,
era da celebração de uma competição de caráter internacional,
com realização quadrienal, cujos
participantes estariam vinculados a
representações nacionais.
De acordo com Tavares
(1999.a) os Jogos Olímpicos eram
para Coubertin a institucionalização
de uma concepção de práticas de
atividades físicas que transformava
o esporte em um empreendimento
educativo, moral e social, destinado
a produzir reflexos no plano dos
indivíduos, das sociedades e das
nações. A definição de Olimpismo
contida nos Princípios Fundamentais da Carta Olímpica (2001) é
pouco precisa ou, como afirma
DaCosta (1999), uma filosofia em
processo durante o tempo de vida
de Coubertin – o que tem levado estudiosos do tema a discussões
extensas e inconclusivas (Grupe,
1992; Sagrave, 1988). Vale ressaltar
que o termo Olimpismo refere-se ao
conjunto de valores pedagógicos e
filosóficos do Movimento Olímpico,
e não aos aspectos formais e/ou
burocráticos que sustentam a instituição e o fenômeno olímpico.
As modernas Olimpíadas,
ou seja, o período em que ocorrem
as edições dos Jogos Olímpicos,
dividem-se em Jogos de inverno e
de verão, ocorrem de quatro em
quatro anos, como na Antigüidade,
alternando-se a cada dois anos entre
os Jogos de Verão e os de Inverno.
Diferentemente da dificuldade para
definição da sede ocorrida nas edições iniciais, na atualidade, a realização das competições é disputada
por grandes metrópoles dos cinco
continentes, em um processo que
demanda alguns anos.
Para os gregos, os Jogos
representavam um momento de trégua nas guerras e conflitos de qualquer ordem para que competidores
e espectadores pudessem chegar a
Olímpia. Ao longo desse um século
de competições os Jogos Olímpicos
da Era Moderna já sofreram interrupção por causa das duas Grandes
Guerras e boicotes promovidos por
Estados Unidos e União Soviética
na década de 1980, indicando que
o Movimento Olímpico não está
alheio às questões sociais e políticas
do mundo contemporâneo como
desejava Pierre de Coubertin.
A educação olímpica como
legado dos Jogos Olímpicos
Desde que Pierre de Coubertin deu início ao Movimento
Olímpico no final do século XIX, ele
não desejava apenas criar uma competição esportiva. Alguns princípios
éticos, pedagógicos e morais norteavam essa prática, que hoje representam a face pública do Olimpismo.
Dentre esses valores encontram-se
o estímulo à participação da mulher
no esporte, a proteção ao atleta,
o desenvolvimento sustentável, o
respeito à Trégua Olímpica, a promoção da cultura e da educação
olímpica e a organização dos Jogos
Olímpicos.
Esses valores funcionam
como um Código de Conduta do
Movimento Olímpico e buscam
nortear as atitudes e ações de todos
os envolvidos nas atividades olímpicas, sejam elas competitivas, administrativas ou voluntárias. Para tanto
busca combinar esporte, educação
e cultura a partir da harmonia entre
o corpo e a mente, da excelência
em si mesmo, da integridade nas
ações, do respeito mútuo e da alegria no esforço (Rubio, 2009). Cabe
ressaltar que o termo Olimpismo
refere-se ao conjunto de valores
pedagógicos e filosóficos do Movimento Olímpico, e não apenas os Jogos Olímpicos.
Conforme aponta Futada
(2007) enquanto as dúvidas e críticas quanto a eficácia e a validade
de um modelo educacional pautado
na formação de valores estão presentes nas discussões atuais sobre
educação, a perspectiva idealizada
de ser humano como produto e
produtor de uma conduta ética e
justa já contempla outras questões
como o real sentido de justiça e
ética e as relações de poder. Muito
embora já se tenha pensado sobre
condições mínimas necessárias
para que todos tenham acesso e
garantia de qualidade de vida,
conforme a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, sabe-se dos
conceitos distintos e, talvez ainda
mais importante, compreendidos
sobre questões como justiça, ética
e valores para diferentes grupos
sociais. Diante disso apresenta as
principais questões a serem debatidas em um projeto de educação
para os valores olímpicos a partir
das idéias de Muller (2004).
A busca da perfeição e do desenvolvimento harmonioso
O conceito de desenvolvimento integral pode sugerir inúmeras dúvidas quanto a seus objetivos
e amplitude. As críticas com relação
a essa visão de ser humano e de
educação de Coubertin devem
ser compreendidas dentro de uma
perspectiva histórica, que, como já
mencionado, tinha suas influências
significativas para que o mosaico do
Olimpismo fosse construído dessa
forma. Essa abordagem defende
que deve haver uma busca por
uma formação do indivíduo na sua
totalidade, sem fragmentação de
domínios biológicos, psicológicos
e sociais, entendendo o esporte e
a atividade física como elementos
fundamentais para essa realização.
Dentro dessa perspectiva Coubertin
já defendia ao final no século XIX
a existência da Educação Física no
ambiente escolar como disciplina
obrigatória. Sua abordagem, no entanto, não afirmava o esporte como
especialização, mas como a possibilidade de intervenção educacional,
dialogando com outras manifestações como a arte e a música.
A idéia de perfeição humana compreende que os Jogos Olímpicos são a maior demonstração
de façanhas, auto-superação e de
estabelecimento de recordes possíveis dentro do universo esportivo se
comparados a outras competições, e
que esse caráter de transcendência
dos Jogos está presente no próprio
conceito de Olimpismo onde a
busca de desenvolvimento é uma
constante. Esta ideologia pode ter
sido em grande parte influenciada
pelos valores presentes no modelo da agonística grega. O princípio da
agonística é caracterizado, segundo
Durantez (1977), como toda atividade em que exista confronto ou mútua oposição entre os protagonistas
que dela participem, apresentada
em forma de disputa pacífica ou
amistosa, própria e característica da
prática esportiva, mantendo respeito ao competidor que associava o
próprio desempenho às virtudes do
adversário, valorizando o respeito e
dignidade da competição.
A interdependência desses
conceitos significa uma necessidade recíproca do enfrentamento do
obstáculo, pois é somente dessa
forma que os próprios limites e
capacidades podem ser superados.
O competidor compreende ser
parte de um ciclo transformador e,
portanto, comporta-se com a citada
ética esportiva, participando de forma justa, respeitando o adversário,
as regras de competição e o valor
onipresente do embate.
Essa perspectiva é cabível
não somente ao atleta em situações
competitivas de alta performance,
mas a qualquer indivíduo que se
engaja na prática de um esporte ou
atividade física e busca melhoras
em seu desempenho, novamente
sempre pautadas nos princípios de
honestidade e justiça. Novamente
buscando um paralelo com as influências do modelo de educação da
Paidéia Grega, esse entendimento
da agonística como manifestação
presente nas situações esportivas
está diretamente vinculado ao conceito de areté.
Segundo Brandão (1999)
areté é a expressão daquilo que se
poderia definir como excelência ou
superioridade que se revelam particularmente no campo de batalha
e nas assembléias, por meio da arte
da palavra. A areté, no entanto, é
uma outorga de Zeus: é diminuída,
quando se cai na escravatura, ou é
severamente castigada, quando o
herói comete uma hýbris, uma violência, um excesso, ultrapassando
sua medida, o métron, desejando
igualar-se aos deuses. Conseqüência lógica da areté é a timé, a honra
que se presta ao valor do herói, que
se constitui na mais alta compensação do guerreiro. É a dike, a justiça,
que não permite crescer a hýbris ou
o descomedimento.
A disputa individual na superação de limites e aperfeiçoamento físico e espiritual era realizada
tanto nos campos de batalha quanto
nas celebrações mítico-religiosas em
homenagem aos deuses mitológicos
(Jogos Olímpicos, Jogos Fúnebres,
etc.). Nessas ocasiões eram realizadas diversas provas esportivas e
culturais e, dentro desse contexto,
surgia no participante a busca pela
areté não por doutrina imposta, mas
pela incessante busca de valores
e princípios vivos adquiridos na convivência com aqueles que já se
mostravam diferenciados (Munguia,
1992 ; Rubio, 2001).
A ética na atividade esportiva
Sob essa idéia espera-se
desenvolver um dos conceitos basilares do Olimpismo, conhecido
como fair play. O fair-play presume uma formação ética e moral
daquele que pratica e se relaciona
com os demais integrantes de uma
competição, e que esta pessoa não
fará uso de outros meios que não a
própria capacidade para superar os
oponentes. Nessas condições não
há espaço para formas ilícitas que
objetivem a vitória, suborno ou uso
de substâncias que aumentem o
desempenho.
De acordo com Turini
(2002) o fair play é entendido como
a ética do esporte moderno cujo
propósito é orientar a conduta do
competidor na prática esportiva.
Dentre os valores culturais ingleses
com os quais Pierre de Coubertin
teve contato, o fair play foi sem
dúvida aquele que mais influência
exerceu sobre sua concepção de
Olimpismo. A gênese do fair play
está fincada no cavalheirismo, base
do comportamento que definia
o ideal de homem na sociedade
inglesa do século XIX. A transposição para o âmbito esportivo dessa atitude social foi idealizada e empregada desde o surgimento do Movimento Olímpico contemporâneo,
afirmando a relação de projeção
que há entre sociedade-cultura e
movimento olímpico-esporte. Embora hegemônica, a cultura inglesa
não era universal, portanto, é de se
esperar que o fair play também não
representasse uma unanimidade.
Tavares (1999.b) endossa
essa afirmação apontando que as
implicações do fair play enquanto
um conjunto de valores normativos
dos comportamentos no ambiente
da competição reflete a formulação
de um ambiente cultural específico.
Sendo assim, ainda que o Olimpismo, e o fair play em particular,
tenham adquirido alguma expressão hipoteticamente universal, é
altamente recomendável que se
examine o significado atual do fair
play a partir de um cenário cultural
multidimensional. (p. 178)
Em outro trabalho Tavares
(2003) cita o filósofo alemão Gunter
Gebauer para discutir o paradoxo
inerente ao esporte que associa a
‘liberdade de excesso’ (altius, citius,
fortius) e o cavalheirismo (fair play)
por serem dificilmente compatíveis
diante das codificações éticas e princípios morais em um campo onde o
que prevalece são as ações práticas.
Há condições objetivas que levam
a essa conclusão.
Mesmo quando as regras não
mudam ou mudam pouco, o desenvolvimento da preparação física, o aumento da ‘seriedade’ da competição e toda
a carga de mudanças competitivas trazida pela crescente lógica profissional do esporte, determinam uma dinâmica e um
sentido novos que fazem um
mesmo esporte se tornar um
jogo bastante diferente. A busca
pela vantagem, por sua chance,
é o que determina a perspectiva interna que um atleta tem
na situação competitiva, a maneira como organiza ações e a
quantidade e a qualidade dos
recursos que ele mobiliza para
atingir seus objetivos. (p.102)
Diante do universalismo
sugerido e desejado pelo Olimpismo seria de se esperar que o multiculturalismo fosse contemplado em
respeito aos diversos atores sociais
que protagonizam os Jogos Olímpicos, a principal manifestação do
Movimento Olímpico. Entretanto,
assim como o ideal de amadorismo,
o fair play foi concebido a partir
de uma perspectiva cultural dominante, e como decorrência natural
eurocêntrica (ou anglocêntrica), em
um momento em que a estrutura e
organização olímpica restringiam-se
a um grupo restrito de pessoas que
tinham a si próprios como referência para a criação de regras.
Os estudos sobre o fairplay têm recebido a atenção de estudiosos do Olimpismo preocupados com as transformações que
vêm ocorrendo nas regras e conduta
dos praticantes das diversas modalidades esportivas, bem como do
avanço dos estudos culturais (Lenk,
1986; Loland, 1995; Mangan, 1996;
Marivoet, 1998; Tavares, 1999.a).
Isso porque o próprio Movimento
Olímpico criou padrões, normas e
orientações que norteiam e influenciam a prática e o entendimento do
esporte, tanto por parte de quem o
pratica como de quem o assiste.
A compreensão e aplicação do fair play envolvem elementos emocionais e cognitivos que
levaram Lenk (1986) a postular duas
manifestações possíveis:
- o fair-play formal que está
relacionado diretamente
ao cumprimento de regras
e regulamentos escritos e
formalizados que o participante da competição deve
cumprir, em princípio, sendo considerado como uma
‘norma obrigação’ (must
norm). É o comportamento
normatizado, caracterizado
como um comportamento
objetivo.
- o fair-play não formal
– relaciona-se ao comportamento pessoal e aos
valores morais do atleta e
daqueles envolvidos com
o mundo esportivo. Não está limitado por regras
escritas e é legitimado culturalmente. A ausência de
uma regulamentação oficial
confere a ele um caráter
subjetivo. É o comportamento efetivo influenciado
pelos estados emocionais e
motivacionais.
Apesar de caracterizado
por uma abordagem normativa e
conservadora do comportamento
atlético, o fair-play serviu durante
longo período como orientação
para os protagonistas do espetáculo
esportivo, ainda que não fosse seguido durante todo o tempo.
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